Raças de cães portuguesas

Serra da Estrela:

   É uma raça de cães natural da região montanhosa da Serra da Estrela.
   Está coberto por pêlo áspero (que pode ser comprido ou curto), o qual o ajuda a sobreviver ao Inverno rigoroso da elevada altitude e tem também uma força considerável.
   É um cão inteligente, leal, valente, e com um carácter independente, sendo um excelente cão de guarda, o qual era, e ainda é utilizado para guardar ovelhas, enquanto o pastor está ausente.
   Esta raça adapta-se bem aos tempos modernos, guardando a casa, o jardim ou qualquer outra local até que os donos regressem do trabalho no fim do dia.
   Devido à sua beleza, à sua inteligência, à sua robustez e à sua tolerância com as crianças pode ser considerado tanto como um excelente guarda como um bom cão de família.
   A Serra da Estrela, pelo seu isolamento e dificuldade de acesso, tornou-se o solar desta raça canina.
   No tempo dos Visigodos foram introduzidos, por toda a Europa, cães de grande porte, oriundos do planalto asiático. O cão de protecção de gado, como o Serra da Estrela, era utilizado principalmente em zonas montanhosas, acompanhando os pastores e rebanhos nas suas migrações, com o intuito de os defender dos lobos e dos assaltantes.


Rafeiro do Alentejo:

   O Rafeiro do Alentejo é uma raça antiga da região do Alentejo e, tal como a maioria dos molossos europeus, acredita-se que tenha descendido dos cães corpulentos do Tibete.
   A sua chegada à Península Ibérica não é conhecida, podendo ter sido trazidos por nómadas na pré-história ou pelos romanos quando governaram a região, há milhares de anos atrás.
   O Rafeiro do Alentejo é um molosso de grande porte, forte e com aspecto rústico e uma das maiores raças portuguesas.
   A sua cabeça é semelhante à de um urso e tem maxilares fortes e musculados.
   O seu nariz é largo e escuro (tal como os seus olhos), as orelhas triangulares e pendentes e o seu pescoço forte e curto.
   Os seus membros são musculados, tem um pêlo macio (preto, lobeiro, fulvo, amarelo ou com padrão riscado e tigrado) e a sua cauda é comprida e curva na extremidade.
   As fêmeas têm entre 64 a 70 cm e entre os 35 a 45 kg e os machos têm entre 66 a 74 cm e entre os 40 a 50 kg.
   É um animal calmo, dócil, rápido, com um carácter nobre e digno, extremamente leal e paciente com crianças.
   Esta raça tem sido usada para mover os ovinos das montanhas do norte de Portugal para o planalto do Alentejo e de volta para a montanha, mas deixou de ter uso económico devido às mudanças na agricultura e na pecuária e devido também à eliminação de predadores de grande porte.
   O nome “Rafeiro do Alentejo” é utilizado desde o fim do século XIX, uma vez que era visto, pela população desse século, como um cão rafeiro que era comum na região.
   Actualmente o Rafeiro do Alentejo é um cão popular em Portugal, com registos anuais de 200 a 500 exemplares.
  


Cão de Fila de São Miguel:
  
   O Cão de Fila de São Miguel é uma raça de cães portuguesa e o seu nome provem da Ilha de São Miguel, no arquipélago dos Açores, de onde a raça é oriunda, e onde é tradicionalmente utilizada para a guarda e guia de gado bovino leiteiro.
   É uma raça de traços rústicos, de porte médio, dotada de grande inteligência e poder físico. A cabeça tem aspecto maciço, com dentição completa e uma dentada robusta, e o seu pescoço é forte e direito, de comprimento médio. As suas patas são proporcionais ao corpo e ligeiramente afastadas, possuindo uma musculatura forte e bem definida, sem se tornar pesada. A sua pelagem é curta e lisa e forte. Os seus olhos são ovais, castanhos escuros e de tamanho médio e as suas orelhas são triangulares e com pontas arredondadas. A sua cauda é grossa e ligeiramente encurvada. O seu pêlo é curto, liso, denso, com textura forte e ligeiramente franjado na cauda, região anal e posterior. Apresenta uma coloração fulva, cinzenta ou amarela, nas tonalidade claro e escuro,
   Os machos têm entre 50 e 60 cm de altura e entre 25 a 35 kg de peso.
   As fêmeas têm entre 48 e 58 cm de altura e entre 20 a 30 kg de peso.
   Esta raça descende dos mastins e alões levados inicialmente para as ilhas dos Açores pelos primeiros colonos continentais. Mais tarde o seu património genético foi enriquecido com cruzamentos feitos com mastins ingleses, buldogues e dogues de Bordéus, através do contacto com outros povos.



Cão de Castro Laboreiro:

   O Cão de Castro Laboreiro é uma raça de cão portuguesa de grande tamanho originária da freguesia de Castro Laboreiro, Melgaço e trata-se de uma raça de cão de montanha, de médio a grande porte, com cabeça leve, mas potente, e com uma altura que varia entre os 55 e os 64 cm e um peso que varia entre os 25 e os 40 kg.
   Trata-se de um cão inteligente, humilde, activo, ágil, aprendendo facilmente, mas com um temperamento independente.
   Os seus olhos são oblíquos e em forma de amêndoa, castanhos claros quando apresentam pelagem clara e castanhos escuros quando apresentam pelagem mais escura e as suas orelhas são triangulares e arredondadas na ponta. A sua cauda é larga e grossa e o seu pêlo é curto (cerca de 5 cm), grosso, resistente, duro ao tacto, liso e abundante em todo o corpo, apresentando tonalidades claras, comuns e escuras (mais frequente).
   A sua esperança média de vida é de 12 anos de idade, havendo casos de cães que atingem os 18 anos de idade.
   Devido à sua comprovada eficácia na protecção de rebanhos contra os ataques de predadores, são cada vez mais utilizados na protecção de rebanhos de cabras e ovelhas ou de manadas de vacas, desde o planalto de Castro Laboreiro até às serranias do Alvão.


Cão de Água Português:

   O Cão de Água Português é uma raça de cães natural do Algarve e é considerado um animal excepcionalmente inteligente, com temperamento activo, obediente, bastante resistente à fatiga e um excelente nadador.
   É uma raça de tamanho mediano, de constituição forte e compacta e musculatura bem desenvolvida. Os machos apresentam normalmente 54 cm de altura e peso entre os 19 e os 25 kg. As fêmeas apresentam normalmente 46 cm de altura e peso entre os 16 e os 22 kg.
   Esta raça de cão apresenta dois tipos de pelagem: longo e ondulado, com pêlo mais brilhante, e curto e encarapinhado, de pêlo mais opaco. A sua cor pode ser totalmente negra, branca ou castanha, ou negra ou castanha com manchas brancas.
   Era utilizado originariamente pelos pescadores portugueses como ajudante nos barcos, mas com o avanço da tecnologia na área da pesca, a partir do século XX, o seu trabalho tornou-se cada vez mais obsoleto e a raça entrou assim em declínio.
   As origens desta raça são antigas mas também obscuras, uma vez que não há informação detalhada sobre ela. As poucas referências que existem são referentes a gravuras de monges, sendo as mais conhecidas do dos finais da década de 1290 e do início século XIX.
  

Serra de Aires:

   O Cão da Serra de Aires é natural de Portugal e pode ser encontrado na região da serra que lhe deu o nome. Era utilizado para conduzir e pastorear pelas planícies do Ribatejo e Alentejo vários tipos de animais, desde ovelhas, cabras, porcos, cavalos, vacas, entre outros.
   É um cão protector, fiel, afectuoso, bastante territorial, difícil de treinar, devido à sua inteligência e teimosia, mas nas condições certas é de fácil aprendizagem.
   Uma vez que estava adaptado ao frio extremo do Inverno e ao calor ardente do Verão, o Cão da Serra de Aires tornou-se na companhia dos pastores da localidade e era também utilizado como cão de guarda devido à sua desconfiança em relação a estranhos e à sua capacidade de vigilância.
   O Serra de Aires tem um aspecto despenteado e robusto, apresenta uma cabeça larga, nariz e olhos escuros, orelhas pendentes e triangulares, bigode, barbicha e sobrancelhas fartas, conferindo-lhe um ar peculiar. O seu peito é proeminente e forte e a sua cauda afunila até à ponta.
   A sua pelagem é bastante comprida e lisa ou ligeiramente ondulada, apresentando cor amarela, castanha, cinzenta, preta, fulva ou lobeira, em tons claros, comuns, escuros ou torrados, nunca aparecendo a pelagem malhada, à excepção de uma pequena mancha no peito.
   A sua altura varia entre os 42 e os 55 cm e o seu peso entre os 12 e os 18 kg.
   A sua esperança média de vida vai dos 12 aos 13 anos.


Perdigueiro Português:

   O Perdigueiro Português é uma raça de cães extremamente meiga, adaptável aos terrenos, climas e tipos de caça, curiosa, afectiva, calma e bastante sociável e resistente, desenvolvida como cães de caça, sendo usada principalmente na caça da perdiz.
   Os machos apresentam altura de 52 a 60 cm e peso de 20 a 27 kg.
   As fêmeas apresentam altura de 48 a 56 cm e peso de 16 a 22 kg.
   A sua pele é flácida e fina e a sua pelagem é curta e grossa na maioria dos cães e com textura aveludada nas orelhas e na face. Apresenta cor amarela clara, comum ou escura, unicolor ou malhada de branco na cabeça, pescoço peito e calçado.
   O Perdigueiro Português surgiu a partir do Perdigueiro Peninsular, uma antiga raça de cães ibérica. A sua evolução resultou da adaptação ao clima, do tipo de caça, do terreno e da selecção introduzida através da especificidade cultural portuguesa.
   Era criado nos canis reais durante o século XIV e utilizado na caça de altaria, sendo conhecido na altura como podengo de mostra. No século XVI já apresentava o nome de Perdigueiro e tornou-se um cão de caça bastante popular entre as classes mais baixas da sociedade. No século XVIII desempenhou um papel importante na origem do Pointer inglês. Durante o século XIX a raça começou um declínio progressivo. Em 1920 alguns criadores tentaram salvar a raça, localizando alguns dos cães no inacessível Norte de Portugal.


Podengo Português:

   O Podengo Português é uma raça canídea portuguesa, que se caracteriza por ser rápido, ágil, extremamente resistente, destemido, alegre, atento, amigável e por apresentar uma aprendizagem rápida e fácil.
   Existe em três tamanhos distintos: o Podengo Pequeno, o Podengo Médio e o Podengo Grande.
   O Podengo Pequeno tem entre 20 a 30 cm e 4 a 5 kg, é muito maleável e um caçador exímio e encontra-se mais distribuído na zona centro do país ao longo do rio Tejo e no alto Alentejo.
   Actualmente é utilizado como cão de guarda e de companhia, mas originalmente era utilizado para perseguir ratos e coelhos e devido ao seu tamanho é também usado em zonas impenetráveis, esgueirando-se por entre vegetação rasteiras e fendas nas rochas, explorando onde os outros cães não conseguem ir.
   Devido ao seu tamanho facilmente se adapta a apartamentos, ganhando assim vantagem em relação às tradicionais raças de companhia.
   O Podengo Médio tem entre 39 a 54 cm e 16 a 20 kg e pode ser encontrado em maior número no Norte ao longo do rio Douro e no Centro ao longo do rio Tejo.
   É o caçador de coelhos por excelência e não apresentando qualquer rival nesta actividade, actuando tão bem em matilha como isolado e conjuga um faro e audição muito apurados, sendo muito duro fisicamente e apto a suportar temperaturas altas. Não necessita de treino uma vez que apresenta uma aptidão instintiva para a caça.
   Apresenta um carácter mais independente e reservado que o Podengo Pequeno, apesar de ser igualmente utilizado como cão de guarda e companhia.
   O Podengo Grande tem entre 55 a 70 cm e mais de 20 kg e centra-se mais na zona raiana do Alentejo, uma vez que é utilizado exclusivamente para a caça grossa, nomeadamente para a caça do javali. Está integrado em matilhas e segue pistas, sendo considerado excelente na caça grossa, por vezes com o sacrifício da própria vida, sendo actualmente um tipo de Podengo bastante raro.
   Adapta-se perfeitamente ao clima quente e seco do Sul de Portugal, actuando assim na zona das Beiras e no Alentejo.
   Esta raça apresenta dois tipos distintos de pêlo: liso (mais distribuído pela zona Norte de Portugal) e cerdoso (mais distribuído pela zona Sul de Portugal), tendo, em conjunto com os seus três tamanhos, um total de seis variedades: Podengo Pequeno de pêlo liso, Podengo Pequeno de pêlo cerdoso, Podengo Médio de pêlo liso, Podengo Médio de pêlo cerdoso , Podengo Grande de pêlo liso e Podengo Grande de pêlo cerdoso.
   O seu pêlo apresenta-se como unicolor com algumas marcas de branco, a variar de vermelho para arenoso ou até mesmo preto.
   Uma vez que a sua evolução não teve intervenção humana, o Podengo apresenta hoje em dia características bastante semelhantes em relação ao seu ancestral inicial, resultado da selecção natural derivada da adaptação ao meio ambiente e à funcionalidade de caçador.
   A teoria mais provável quanto à sua origem aponta para que tanto o Podengo como outras raças similares da zona do Mediterrâneo tenham como antepassado o cão faraónico existente no Alto Egipto, o qual se espalhou pela Ásia Menor, pelo norte de África e por toda a zona do Mediterrâneo, muito provavelmente devido aos Fenícios.
   Uma vez que na Península Ibérica existia um elevado número de coelhos e havia uma necessidade de aperfeiçoar as técnicas de caça, devido à subsistência das populações, estes cães faraónicos encontraram uma grande aceitação, derivado da sua adaptação à caça. Mais tarde os portugueses espalharam a raça do Podengo por todo o mundo, havendo vestígios Brasil, África central e Índia.
   Por toda o Norte de África e orla do Mediterrâneo ainda hoje existem cães do tipo Podengo, o que comprova a origem desta raça.

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